LIVE NIRVANA INTERVIEW ARCHIVE January ??, 1993 - Los Angeles, CA, US
Personnel
- Interviewer(s)
- Alessandro Giannini
- Interviewee(s)
- Dave Grohl
Sources
Publisher | Title | Transcript |
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O Estado de São Paulo | Nirvana: Grunge e Energia. No palco do Morumbi sábado, com status de grande estrela. | Yes (Português) |
Transcript
Dave Grohl, o baterista do Nirvana, atração na noite do próximo sábado no Hollywood Rock, é um predestinado. Abandonou o Scream, uma banda punk de Washington D.C., para substituir Danny Peters, hoje no Mudhoney, nas gravações de Nevermind (91) – Segundo disco da banda. Não podia escolher melhor momento para entrar no grupo: o disco, que gerou os hits “Smells Like Teen Spirit”, “Come As You Are” e “Lithium”, levou-os para o primeiro lugar da parade britânica, vendeu ouito milhões de cópias no mundo inteiro e elevou-os à categoria de mito. Em entrevista por telefone ao Jornal da Tarde, o companheiro de Kurt Cobain e Chris Novoselic desmentiu as notícias de que viajariam para as Bahamas e que exigiram um psiquiatra nos shows do Hollywood Rock, falou sobre o próximo disco que será ensaiado entre os shows de São Paulo e Rio e alertou para a quebradeira que sem dúvida acontecerá após as apresentações do grupo.
Jornal da Tarde: A produção do Hollywood Rock divulgou uma série de pedidos que vocês teriam feito. Entre eles, uma viagem para as Bahamas no intervalo entre o show de São Paulo e Rio de Janeiro e um estúdio para ensaiar material do próximo disco. O que na verdade vocês pretendem fazer?
Dave: Quando nos informaram que teríamos um intervalo de seis dias entre os dois shows, dissemos brincando que seria interessante fazer uma tour pela Amazônia. Não vejo por que ir para as Bahamas, quando podemos aproveitar para visitar outros lugares no Brasil. Quanto ao estúdio, nós pedimos mesmo. Vamos aproveitar para ensaiar o novo disco.
Jornal da Tarde: Em que estádio andam os trabalhos do novo disco?
Dave: Algumas canções estão prontas, outras precisam ser finalizadas. É um disco mais simples e mais duro do que Nevermind. A produção é mais despojada, sem efeito na voz e nos instrumentos. Soa como os velhos discos dos Stones e Beatles. Muito toscos.
Jornal da Tarde: Em várias entrevistas vocês enalteceram o punk. Mas os punks criticam o Nirvana, chamando-o de vendido. O que acontece?
Dave: Nós sempre escutamos punk music. A banda em que eu estava antes do Nirvana era punk. O punk realmente é liberdade. E nós gostamos da liberdade que o punk dá. Essa é a atitude: nós gostamos de tocar o que nos interessa, da maneira que nos interessa. Sem que tenham de nos dizer como. Talvez os punks não gostem justamente disso.
Jornal da Tarde: Os shows de vocês são famosos pelas quebradeiras que encerram as apresentações. O Hollywood Rock também será palco dessa destruição de instrumentos? Por que isso?
Dave: É porque há muita energia acumulada. Não fazemos muitos shows, e quando tocamos ao vivo essa energia vem para fora de uma maneira muito violenta. É uma coisa meio louca. Sempre que um show termina ficamos arrasados.
Jornal da Tarde: É por isso que vocês requisitaram uma equipe médica, com psiquiatra, para os shows?
Dave: Isso não é verdade. Mas entender essa preocupação, que muitas vezes a quebradeira gera confusão. Eu mesmo machuquei com pedações de instrumentos de Kurt e Chris. Acho prudente.
Jornal da Tarde: Porque ódio declarado a bandas como Pearl Jam? Eles não são da mesma Seattle que geraram o grunge?
Dave: Quando pensam em Seattle, as pessoas imaginam que todas as bandas de lá fazem o mesmo tipo de música. Acham que o Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Alice In Chains são a mesma coisa. Mas há uma grande diferença entre o ????? punk que fazem bandas como TAD, Soundgarden e outro estilo das outras bandas. Definitivamente não odiamos o Pearl Jam. O cantor, Eddie, é uma pessoa muito, muito legal. Parece que o fato de odiarmos uma banda é uma boa pauta para jornais de rock, por isso tanta publicidade. Realmente não gostamos da música que fazem, mas as pessoas são muito legais.
© Alessandro Giannini, 1993